Edição 22

Revista Saúde & Espiritualidade
Edição número 22 – out / nov / dez de 2017
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Quanto vale uma vida?

Quanto vale uma vida? Para nós, que nos manifestamos nesse instante através da leitura desse texto, a vida não é quantificada por valores, mas para o bebê Charlie Gard, sua vida teve valor descartado pela condenação estabelecida por decisão de tribunal, que decretou o desligamento de aparelhos que o mantiveram vivo durante seu pouco tempo de existência na Terra.

Na Inglaterra, o bebê Gard nasceu com uma doença rara, genética, que afetou as mitocôndrias, organelas celulares responsáveis pela geração de energia através de um processo chamado respiração celular. As células que mais contém mitocôndrias são as células do fígado e a quantificação de energia diária por elas produzidas seria equivalente à energia elétrica capaz de alimentar uma pequena cidade de pouco menos de quatro mil pessoas.

A doença que afetou Charlie chama-se Síndrome da Depleção Mitocondrial de DNA e se manifesta por fraqueza muscular intensa e encefalopatia. Existe tratamento experimental para a doença, a um custo elevado, sem garantia de sucesso. O caso chamou a atenção de todo o mundo não por sua raridade, e nem pela arrecadação recorde conseguida por seus pais em campanha que recebeu adesão de toda a Europa, mas pela decisão judicial de impedir qualquer tentativa de tratamento médico ao condená-lo a ter desligados os aparelhos que o mantinham vivo. A alegação do juiz baseou-se na opinião dos médicos que assistiram Charlie Gard e que consideraram que qualquer tentativa de tratamento não seria resolutivo e, em nome da dignidade humana, o bebê não deveria receber qualquer recurso terapêutico, pois não recuperaria funções cerebrais.

Estamos então diante de uma assustadora questão, o conceito de dignidade, estabelecido por médicos, baseado em estimativas de perfeita função cognitiva. Tal conceito foi corroborado por um tribunal e reduziu a vida ao guante do utilitarismo mais banal, relacionando dignidade diretamente ao funcionamento cerebral normal.

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