O tempo presente

O TEMPO PRESENTE
Dr. Gilson Luis Roberto , presidente da AME-Brasil

Mais um final de ano se aproxima.
Período que nos convida a reflexão quanto ao aproveitamento das oportunidades que passaram e também de renovação das metas para o ano vindouro.
Como mensagem reflexiva, trazemos o conto do filósofo chinês Han Feizi cujo título é “A Matéria e Espírito”:

“O rei Xiang, do Estado de Zhao*, aprendeu a arte de dirigir carruagem com Wang Ziqi. Depois de algum tempo, o rei apostou uma corrida com Wang. Ele chegou a trocar os cavalos três vezes, mas mesmo assim perdeu.
– Ao me ensinar a dirigir carruagem, não me ensinou tudo o que sabia.- disse o rei.
– Eu ensinei tudo o que sei – respondeu Wang. – Mas Vossa Majestade não usou corretamente as habilidades aprendidas. O que existe de mais importante ao dirigir uma carruagem é que os corpos dos cavalos sintam-se confortáveis em relação à carruagem e que a mente do condutor esteja em harmonia com os cavalos. Só assim pode conseguir grande velocidade e percorrer grandes distâncias.
– Quando vem atrás de mim, o Senhor quer sempre me alcançar, e quando está na minha frente, tem medo de que eu o alcance. Conduzindo carruagens em corrida longa distância, a gente está na frente ou atrás. Não importa. E o senhor, na frente ou atrás fica com a mente sempre ocupada comigo. Assim, como pode ficar em harmonia com os cavalos? É por isso que não consegue ganhar a corrida.”

Sem me deter na imagem metafórica do texto relacionando o “dirigir a carruagem” como sendo a relação do espírito/matéria ou alma/corpo durante o processo encarnatório, gostaria de chamar a atenção sobre a importância da necessidade de mantermos o foco em nosso objetivos, evitando a distração que possa favorecer a nossa derrota espiritual.

No texto o rei Xiang coloca a culpa da sua derrota no outro. Excessivamente focado nas coisas de fora, não consegue olhar para si mesmo e perceber que as causas de sua ruína é fruto de uma mente ansiosa e distraída.
A ansiedade permeia a sociedade moderna pelo acúmulo de atividades e excessiva preocupações materiais. Uma corrida intensa num tempo curto de 24hs.
Há um sentimento coletivo que o tempo está passando muito rápido, pois não há horas suficientes para dar conta de tantas coisas.
A grande parcela de doenças físicas e mentais está relacionada ao nosso modo de vida.
Cada vez mais a medicina tem preconizado práticas meditativas de atenção plena para o controle do estresses.

Observamos as pessoas muito preocupada em “chegar”, mas esquecendo de como caminhar.
Não basta chegarmos ao final da vida ou alcançarmos este ou aquele objetivo, precisamos refletir de que forma estamos caminhando e como chegamos.
Eu posso fazer muitas coisas durantes o dia, mas não ficar nada em minha alma.
Num linguajar psicológico dizemos que as pessoas estão “perdendo a sua alma”, ou seja, estão se robotizando, fazendo as coisas de forma automáticas, mecanizadas, presas numa ansiedade antecipatória. Estão aqui, mas a mente já está adiante preocupada com o que virá. Há quantidade de tarefas, mas não existe profundidade.
Há uma necessidade de fazer muitas coisas para satisfazer a mente ansiosa, mas a alma permanece vazia.
O importante não é a quantidade de tarefas que realizamos, mas a quantidade de amor que colocamos nela.
Em tudo que fazemos, a mente precisa estar acompanhada pelo coração.

A Doutrina Espírita é um convite para que vivamos a vida com plenitude. É necessário enfrentarmos os apelos do mundo de forma lúcida, conscientes e com o olhar voltado para o alto. Precisamos estar atentos ao que nos move, nos mantendo acima do materialismo desenfreado e dos apelos imediatista do mundo.
Bezerra de Menezes, em mensagem** psicofônica através do médium Divaldo Pereira Franco no encerramento da Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional, realizada em Brasília dia 12 de novembro de 2017, nos alerta:

“Na atualidade, de sofreguidão e de tormento, o ser humano procura uma forma de escapar das provações necessárias ao seu processo evolutivo, e não raro são atraídas essas almas para as propostas equivocadas do deus Mamon, e Mamon deísta que fascina, embriaga os invigilantes e os precipitados.
Indispensável a nossa fidelidade aos postulados espíritas conforme exarados na Codificação. O mundo estertora, não pela primeira vez. Periodicamente, conjugam-se fatores cósmicos que se tornam sociológicos e ético-morais, sacudindo as civilizações e empurrando-as para o aniquilamento, para logo surgir um período de esperança e de paz.

Às vésperas da grande transição planetária já iniciada desde há muito, atingimos o clímax que nos pede sacrifício e honradez. Quantos desertam na hora do testemunho! Quantas almas fragilizadas pela sua constituição emocional e espiritual, atraídas pela doçura do Homem das Bem-Aventuranças, mas que não suportam o ferrete do padecimento humano e optam pela desistência mais uma vez!”
Que em 2018 não nos falte a coragem, a determinação e a inteireza de coração para caminharmos em direção ao Cristo!

* Zhao: antigo feudo, localizado na região atualmente ocupada pela província de Hebei, no Norte da China.
** Mensagem encontrada na íntegra no site da FEB http://www.febnet.org.br/blog/geral/noticias/mensagem-do-espirito-bezerra-de-menezes-no-cfn-2017/

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