Em homenagem ao Evangelho Segundo o Espiritismo

Depois de mais de cento e sessenta anos da codificação dos princípios básicos da Doutrina Espírita, o movimento espiritista encontra os mesmos desafios e lutas de outrora, muitas vezes, acrescidos dos deslizes morais de alguns dos responsáveis por sua divulgação, a criarem imensos empecilhos para que ideias e as tarefas se ampliem, atendendo e auxiliando os mais necessitados.

Em abril de 1864, Allan Kardec entregou à humanidade a 1ª edição do opúsculo, naquele momento denominado “A Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Esperava o Codificador que os promitentes pudessem compreender a importância daquele momento. No entanto, a obra é, ainda hoje, motivo para longas discussões por grupos que querem provar o seu valor e necessidade e por outro grupo que deseja negar esse valor e, por consequência, a necessidade de sua existência.
Muitos estudiosos afirmam e se encantam com a obra primeira.* Certamente pelos seus aspectos filosóficos, base para uma série de conhecimentos, com a possibilidade da ampliação das ideias pelas mentes dedicadas a esse mister.

Outro grande grupo mantém-se encantado com a fenomenologia e insiste no aspecto científico – o qual estimula a mediunidade como instrumento de pesquisa. Eles se posicionam sobre a segurança das provas científicas para a construção de uma compreensão transcendental, mas atendo-se ao aspecto material.

O primeiro grupo acostumou-se às digressões intelectuais, pois se o campo da filosofia oferece as bases para o entendimento da vida nas suas mais diversas expressões, também possibilita à alma a viajar por questionamentos inúmeros e sucessivos, os quais deliciam o intelecto sem necessariamente construir no espírito uma busca de transformação pessoal.

O outro grupo teima em manter a vida no campo restrito das expressões materializadas. Seus adeptos falam da transcendência, mas insistem no que é materializado, daquilo que pode ser repetido e quantificado, sem o direcionar para caminhos de melhoria íntima, na aquisição interior da moral e de suas implicações na vida de relação.
Certamente, por isso, a confecção e o lançamento de uma obra cujo objetivo maior é o da reflexão moral.

Uma obra na qual se reúnem as principais orientações para a conduta humana no sentido de um crescimento – que sai da vaidade intelectual ou da postura orgulhosa do poder – cria em tantos homens um sentimento de desprezo e de rejeição.

São muitos os que, infelizmente, propagam a ideia de que Kardec escolhera, naquele momento, angariar a simpatia das religiões cristãs dominadoras. Esses perderam a noção do trabalho tenaz do Codificador e da sua sistemática em responder os questionamentos dos inimigos e caluniadores; eles deixaram de lado o seu posicionamento ao mostrar os deslizes e as falsas ideias propagadas pelas religiões constituídas e não deram a importância às repercussões que a Doutrina provocou nos líderes católicos e das igrejas protestantes, para os quais Kardec não negou o respeito, sem, no entanto e em momento algum, coadunar com aquelas formas enganadoras de manifestação.

O Evangelho Segundo o Espiritismo é o manancial de preceitos morais que regem o Universo e da exemplificação viva, através da postura do Cristo, para os posicionamentos e ações que a criatura deve assumir para a sua renovação pessoal e para a conquista da Felicidade.
Nele não há entremeios, não há posturas dúbias e nem a aceitação daquilo que se tornou dogmatismo e preceitos questionáveis ao longo da história.

Sabiamente, Kardec escolheu, dentro dos textos do Velho e do Novo Testamento, aqueles para os quais não cabem discussões estéreis ou querelas, tão comuns aos homens viciados no intelectualismo, mas sem a preocupação com a renovação pessoal.

Kardec colocou no livro os ensinamentos que deveriam ser relembrados e necessitavam ampliação de visão, como afirmou Jesus, ao prometer à Humanidade a vinda do Consolador.

O espiritista que se propõe a viver com seriedade o seu caminhar para o aperfeiçoamento espiritual não tem como prescindir do estudo desta obra.

Neste ano, no qual se relembra o surgimento do livro e da sua importância espiritual, na busca de homenageá-lo, é fundamental que todos caminhem, fazendo dele o tratado para as nossas vidas.
No entanto, gostaríamos de ressaltar – sem dizer que não o seja importante – que o aspecto religioso não pode e não se resume aos trabalhos assistenciais em favor de terceiros.

O Evangelho e a presença do Cristo na Terra têm como papel primordial o despertamento do homem para o autoconhecimento e, por consequência, o seu reposicionamento íntimo no sentido do crescimento moral e da construção do reino divino em sua intimidade, a refletir para o mundo o Amor, essência de toda a mensagem da “Boa Nova”.

Muita paz!

Carlos
Mensagem psicografada na AMEMG, em reunião do dia 08/02/2014.
Médium: Roberto Lúcio

* O autor se refere ao: O Livro dos Espíritos.

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