Carta ao Movimento Espírita Português

Queridos irmãos portugueses,

Por um imperativo de consciência, dirijo-me hoje a todos vós, com o coração eivado de amizade pura e os olhos postos na verdade dos fatos, para contar-vos o histórico da Associação Médico-Espírita de Portugal (AMEPortugal), desde a sua fundação até os dias de hoje.

Em 4 de junho de 1999, quando da reunião de fundação da Associação Médico-Espírita Internacional, em São Paulo, tínhamos seis países representados – Argentina, Brasil, Colômbia, Guatemala, Panamá e Portugal. Neste evento histórico, o vosso país foi muito bem representado pelo distinto casal de médicos, Dra Isabel e Dr Francisco José Ribeiro da Silva, que apresentaram os Estatutos e os papéis de fundação da AME- Portugal. Nessa ocasião, os membros fundadores da AME-Internacional, reunidos em São Paulo, elegeram-me e aos Drs Maria da Graça De Ender (Panamá) e Francisco Ribeiro da Silva (Portugal) para a Diretoria da entidade recém-fundada.

Sou testemunha de todos os esforços que o Dr Francisco Ribeiro despendeu para obter o apoio de seus colegas e levar à frente os compromissos assumidos com a criação da AME-Portugal. No ano de 2003, eu mesma percorri, em companhia dele, algumas cidades portuguesas, em busca desse apoio, mas nossos esforços foram praticamente infrutíferos.

Em Paris, no ano de 2004, quando da comemoração dos 200 anos de nascimento de Allan Kardec, combinamos com o Dr Francisco Ribeiro e o presidente da Federação Espírita Portuguesa à época, Sr Arnaldo Costeira, a realização, em Lisboa, de um evento conjunto, no qual a AME-Internacional daria total apoio à AME-Portugal, na esperança de consolidar a sua fundação.

Aguardamos o agendamento desse evento até o início de 2006. Como, porém, nada havia sido programado neste sentido e não havia nenhuma perspectiva de que o fosse em breve, pedimos a colaboração do Grupo Espírita Batuira, de Algés, para a realização das I Jornadas Portuguesas, com a finalidade de divulgar mais amplamente o ideal médico espírita e facilitar o trabalho aglutinador do Dr Francisco , à frente da AME-Portugal. De fato, as I Jornadas foram realizadas nos dias 14 e 15 de Outubro de 2006, no auditório da Faculdade de Medicina Dentária, em Lisboa, e o Dr Francisco participou conosco, na qualidade de presidente da AME-Portugal, proferindo a aula inaugural.

Em um momento especial das I Jornadas, tivemos uma reunião com os colegas presentes, durante a qual esclarecemos as finalidades e atividades da AME-Portugal, pedindo, ao final, o apoio de todos ao trabalho do Dr Francisco Ribeiro da Silva. Obtivemos, então, uma lista de nomes e correios eletrônicos dos que estavam dispostos a participar.

De volta a São Paulo, tentamos uma primeira comunicação com os colegas da referida lista, a fim de passar ao Dr Francisco as respostas dos que se manifestassem favoravelmente à cooperação. Infelizmente, porém, nada obtivemos de ajuda efetiva.

Em meados de janeiro de 2007, recebemos um telefonema do Dr Francisco, dando-nos conta de que não desejava mais continuar à frente da AME-Portugal. No mesmo teor do telefonema, recebemos dele um e-mail, enviado no dia 15 de janeiro de 2007, correio esse que se encontra arquivado, como documento histórico, na AME-Internacional, mas que pode ser consultado a qualquer tempo.

Em virtude de sua posição definitiva com relação ao assunto, pedimos, então, ao prezado irmão Orlando Carvalho, que se informasse junto ao Registo Nacional de Pessoas Colectivas – o órgão do Governo onde é obrigatoriamente feito o registo oficial de todas as empresas e associações que existem em Portugal, a fim de saber qual era de fato a situação da AME-Portugal. Feita a consulta, o Sr Orlando ficou sabendo que todos os papéis de fundação haviam caducado por não terem sido atualizados no devido prazo. Em Portugal, para que uma Empresa ou Associação funcione de pleno direito, não basta lavrar uma escritura num Cartório Notarial. É preciso que essa empresa ou associação tenha o nome que vai adotar registado neste dito Registo Nacional de Pessoas Colectivas e também que os seus Estatutos tenham sido publicados no diário oficial do Governo Português, o Diário da República.

Diante de tudo isso, pedi ao irmão Orlando Carvalho que reunisse os colegas de diversas cidades que porventura desejassem somar esforços para a continuidade do ideal médico-espírita e refizessem os caminhos legais, partindo novamente do zero até à implantação definitiva da AME-Portugal.

E foi isto o que efetivamente ocorreu. Uma Assembleia Geral foi constituída, foram aprovados novos Estatutos, foi mantido o nome Associação Médico-Espírita de Portugal e sua filiação à AME-Internacional, e foi eleita a sua primeira Diretoria oficial.

De fato, foi a partir de 26 Junho de 2007, que se fundou oficialmente a nossa AMEPortugal, tendo os seus Estatutos sido publicados no Diário da República nº 210, II Série, de 31 de Outubro de 2007.

Digo-vos, pois, que a nossa AMEPortugal é a única que existe de fato perante as leis portuguesas. Da minha parte, sempre fiz e tudo farei para honrar o compromisso da AME-Internacional com a AMEPortugal, agradecendo a Jesus esta feliz oportunidade de vê-la renascer com tanta força de trabalho digno e operante.

Na pessoa de seu ilustre presidente – Dr Francisco Ganhão – saúdo a todos os membros da Diretoria, desejando vida longa à nossa querida AME.

Em meu coração sempre restará a gratidão ao trabalho realizado pelos colegas e idealistas, dr Francisco José Ribeiro da Silva e sua digna esposa.

Reafirmo, pois, a todos vós que a AMEPortugal continua firme e valorosa em suas atividades e para ela peço a confiança e o estímulo constante de todos vós.

Reitero o meu imenso amor por Portugal, agradecendo-vos, comovida, todo o carinho que tenho recebido de vossos corações generosos, rogando-vos para que não vos esqueçais de vossas preces em meu favor, a fim de que eu erre menos e que nunca me afaste das singelas tarefas que Jesus me concedeu.

Que o Mestre nos abençoe os propósitos de servir com amor!

Fraternalmente,

Marlene Nobre
São Paulo, 24 de agosto de 2010

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