As dificuldades do mundo contemporâneo

As dificuldades do mundo contemporâneo estão a nos exigir uma profunda e inadiável reflexão. Caminhamos celeremente, enquanto sociedade, para desfiladeiros de dor, balizada por uma doutrina que cobra um alto preço pelos seus desenganos: o materialismo. A hora é grave e o momento é psicológico.

Os sintomas do transtorno global que enfrentamos não são novos, mas tem ocorrido de forma mais pungente e sem trégua: a ansiedade, a violência, a insensibilidade, o desespero.

O mundo, apartado de sua essência espiritual, parece ter perdido todo o sentido, gerando uma busca incansável por soluções, que apenas renovam o ciclo de decepções, esterilizando a criatividade e a sacralidade na vida.

Testemunhamos, nos últimos dias, uma crise migratória de populações vitimadas por guerras civis, em lúgubre marcha em terras europeias, em busca de paz e asilo. Famílias inteiras de trabalhadores, mulheres e homens, idosos e crianças, peregrinam por terras estrangeiras, a enfrentarem novas incompreensões, violências e martírio. O mundo espiritual
se agita em socorro e solidariedade, a espera que o Evangelho triunfe nos corações dos homens, perseguidos e perseguidores, refugiados e anfitriões.

Muito trabalho há de ser feito na organização nas nações, na humanização das leis, mas sobretudo muito trabalho há de ser feito no coração do homem, que é chamado a dar o testemunho da sua compreensão da Lei suprema do Amor. Na hierarquia das prioridades da vida, o homem atual é chamado à prova, de modo a demonstrar que o Amor pelo seu
semelhante está acima de cogitações quaisquer de ordem material. É dada a grande oportunidade, no ajuste espiritual entre os povos, do acerto de contas, em nome da Divina Presença.

É o Mestre Jesus quem está no leme e além das nuvens carregadas e estrondosas, permanece o firmamento em perfeita harmonia, embebido em luzes solares balsamizantes.

Que nós médicos-espíritas possamos dar também nossa cota de contribuição, irmanados em vibrações de harmonia e confiança, sustentando em pensamento e oração nossos irmãos em prova, pois sabemos que a distância que nos separa é apenas ilusão material. E estejamos em alerta, preparados ao nosso próprio testemunho, na manutenção da paz e da não violência em nossos círculos de ação. Que nosso périplo pelo Velho Continente carregue as esperanças da Boa Nova, em mais um esforço de soprar o vento renovador, a expurgar os comodismos e os convencionalismos reinantes em localidades onde o conforto material veio antes das conquistas da alma.

Em vista das notícias atuais, ecoa de décadas passadas a voz firme e compassiva de Chico Xavier, a nos comentar sobre o papel do Coração do Mundo como Pátria do Evangelho: “Preparemo-nos para abraçar os filhos de outras terras, que virão até o coração do nosso país, buscando a paz desejada, e que para eles tem sido tão difícil de ser encontrada”.

Rogamos à Espiritualidade amiga as bênçãos amorosas e fraternais que nos sustentam a jornada, agradecidos pela oportunidade da construção de nossa felicidade em meio aos desafios santificantes que se nos apresentam.

Paulo Rogério D.C. de Aguiar – Segundo-tesoureiro da AME-Brasil e Presidente da AMERGS

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